quinta-feira, 31 de março de 2011

Nós! Muito mais que eu e você.


Texto: João 4. 1-42

Objetivo: Refletir sobre a nossa responsabilidade na transformação da sociedade. Convivendo com a pluralidade a partir do olhar de Jesus, que nos conduz ao respeito e a partilha com as pessoas distintas a nós.

Com os olhos na vida...

(João Guimarães Rosa, 2001:32)

... Muita religião, seu moço! Eu cá não perco ocasião de religião.

Aproveito de todas. Bebo água de todo rio...

Uma só, pra mim é pouca, talvez não me chegue.

Rezo cristão, católico, embrenho a certo;

e aceito as preces de compadre meu Quelemém,

doutrina dele, de Cardéque.

Mas quando posso, vou no Mindubim,

onde um Matia é crente, metodista:

a gente se acusa de pecador; lê alto a Bíblia,

e ora, cantando hinos belos deles.

Tudo me quieta, me suspende...

A pluralidade Religiosa é o grande desafio do nosso século XXI. Os grupos religiosos reconhecidos institucionalmente ou não, vêm crescendo consideravelmente. Mas paralelo a esses grupos, há também um número crescente de pessoas que se declaram sem-religião. Diante de toda essa pluralidade que os tempos modernos nos lançam em face, o que se deseja é que de forma concreta consigamos vivenciar a superação da hegemonia vivida no século XIX que deixou rastros desastrosos. Somos tentados a querer viver sempre com aqueles que consideramos semelhantes a nós. Mas temos que levar sempre em consideração que a tolerância é exercitada exatamente quando convivemos com aquele que é diferente. O que nos une não é o que temos em comum, mas somos enriquecidos quando realizamos essa troca e aprendemos como as nossas diferenças.

Não podemos ser ingênuos e esperar que um simples apelo a tolerância desarmará o potencial de conflito existente diante de tamanha diversidade. Mas de forma responsável devemos trabalhar pelo bem comum, de forma ativa e criteriosa levando sempre em consideração a complexidade humana.

Com os olhos na vida do texto...

O texto do evangelho de João 4. 1-42 nos traz um diálogo que expressa claramente nossa intenção ao tratarmos deste assunto. Em Jesus observamos o maior exemplo de convivência e respeito. Olhando o texto de perto, podemos identificar variadas formas de preconceitos que são superadas por Jesus. Suas atitudes assustaram até mesmo aqueles que já algum tempo lhe acompanham em sua caminhada, os discípulos.

Uma conversa que gira em torno do simbolismo da água: “água viva”. A água aqui simboliza a experiência religiosa, a própria espiritualidade. E é o assunto que Jesus trata em sua conversa com a mulher de Samaria. Jesus cansado da viagem se senta próximo ao poço de Jacó, mas pouco descansa, quando uma mulher que a Bíblia não denomina, se aproxima. Ela é Samaritana. Veio buscar água, quando é interceptada por Jesus, que lhe pede: “Dá-me de beber.” A princípio, poucas palavras, mas que trazem em si significados profundos. Jesus intercepta uma mulher, lhe Pede algo e lhe dá atenção. Nesse contexto o fato de ser mulher já seria excludente. Se até nos dias atuais as mulheres sofrem ainda com tantos preconceitos, imaginem naquela época. Além de ser mulher, ela é samaritana, outro problema, já que os judeus consideravam os samaritanos impuros e desde muito tempo havia uma situação de tensão entre os dois povos, que não se comunicavam.

A experiência nos mostra que as espiritualidades são plurais, entretanto a intolerância também, as religiões querem dar prova de sua infalibilidade e para isso elas desmoralizam o outro, o diferente. Na busca por fortalecer sua identidade, entendem ser necessário destruir a identidade do outro. Essa é a dinâmica que vivemos hoje. Em contrapartida Jesus se propõe a compartilhar da espiritualidade da mulher, Ele não vem simplesmente julgando ou oferecendo algo, Ele quer ter um contato mais profundo. Partilha: esse é o nome! Jesus quer compartilhar da experiência de fé por ela vivida. E não deixa de oferecer a água da vida, a sabedoria de Deus, com a qual ele irriga as pessoas que amam a Deus. E após todo esse diálogo com a mulher de Samaria e de todas as perguntas que ela lhe fez, Jesus faz a afirmação tão esperada: Não importa onde adorará, o Pai procura os verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Quem são esses a quem o Pai procura? São aqueles que se propõem a viver como Jesus viveu, superando tradições e culturas que possam servir de pretexto para restringir convicções religiosas e as várias formas de manifestações legítimas. Muitas publicações ou afirmações denominadas cristãs são exatamente o oposto de Cristo. Considera-se cristão exatamente as atitudes anticristãs. Quando se tem um retrato de um Deus que separa, castiga, manda, controla, fiscaliza, que reprime, vive-se também uma vida de intolerâncias, uma fé intolerante. Vida oposta ao viver de Jesus. Somos convidados a vive-lá como Cristo. Não abrir mão de nossa identidade, mas sempre pelo caminho da convivência e do respeito, buscar formas para dialogar com o diferente.

Com o texto olhando a vida...

Somos convidados a beber da água, a compartilhar nossas experiências de fé e a entendermos o outro. Somos convidados a lutar pela vida, pela diversidade, pela pluralidade. Somos desafiados a lutar por uma missão que seja sensível às culturas locais, não seja de coerção ou proselitismo, mas que ao contrário seja um sinal do amor reconciliador e inclusivo de Deus em Cristo, abrindo caminhos para um diálogo intercultural e inter-religioso que favoreça sempre a vida.

Thaiana Assis

quarta-feira, 30 de março de 2011

IV Encontro Afro-cristão “Juventude Negra, Sujeito de conhecimento e de direitos”.

O Ministério de Ações Afirmativas Afrodescendentes da Igreja Metodista (3ª. RE), em parceria com a Universidade Metodista de São Paulo e a Faculdade de Teologia e ReJu (Rede Ecumênica da Juventude) promove, entre os dias 1 e 3 de abril, o IV Encontro Afro-cristão, cujo tema será “Juventude Negra, Sujeito de conhecimento e de direitos”. O evento será realizado no Campus Rudge Ramos (Rua Alfeu Tavares, 149, São Bernardo do Campo).