domingo, 26 de dezembro de 2010

NATAL: O dia em que vi Deus (Frei Betto)

Natal é a "despapainoelização" do espírito. É quando o coração torna-se manjedoura, e aberto ao outro, acolhe abraça, acarinha. Violenta-se quem faz da festa do menino Jesus uma troca insana de mercadorias. Quantas ausências nesses presentes!

Em pleno verão, nos trópicos, o corpo empanturra-se de nozes e castanhas, vinhos e carnes gordas, sem que se faça presente junto àqueles que, caídos a beira do caminho, aguardam um gesto samaritano.

Criança em Minas, aprendi com meus pais a depositar junto ao presépio a lista dos meus sonhos. Nada de pedidos a papai noel. No decorrer do Advento, eu engordava a lista: a cura de um parente enfermo; um emprego para o filho da lavadeira; a paz do mundo.

Meu pai insistia para que eu registrasse meus sonhos mais íntimos. Aos oito anos escrevi: "Quero ver Deus". Minha mãe ponderou: "Não basta Nossa Senhora, como as crianças de Fátima?" Não eu queria ver Deus Pai. Nem imagens dele eu encontrava nas igrejas, que exibam, de sobejo, ícones de Jesus e pombas que evocam o Espírito Santo.

Na tarde de 25 de dezembro, meus pais levaram-me a um hospital pediátrico. Distribuímos alegria e chocolates as crianças, vítimas de traumas ou tomadas pelo câncer e outras enfermidades. Fiquei muito impressionado com um menino de 6 anos, careca.

Na saída mamãe indagou-me: "Gostou de ver Deus?" Fiquei confuso: "Só vi crianças doentes", respondi. Ela me ensinou que a fé cristã reconhece que todos os seres humanos são imagem e semelhança de Deus. Por isso é tão difícil ver Deus. Pois não é fácil encarar a radical sacralidade de todo homem e de toda mulher.

Aos poucos, entendi que o modo de comemorar o natal forma filhos consumistas ou altruístas. E descobri que Deus é tanto mais invisível quanto mais esperamos que Ele entre pela porta da frente. Sorrateiro, Ele chega pelos fundos, via um sem-terra chamado Abraão; um revolucionário de nome Moisés; um músico com fama de agitador, Davi; uma prostituta, Raab; um subversivo conhecido por Jeremias; um alucinado, Daniel; um casal de artesãos que, recusado em Belém, ocupa um pasto para trazer o filho a vida, Maria e José.

No evangelho de Mateus (25, 31-46) Jesus identifica-se com quem tem fome e sede, é doente ou prisioneiro, oprimido ou excluído. Aqueles que para os "sábios" são a escória da sociedade, para Deus são os convidados ao banquete do Reino.

Desde então, aprendi que Natal é todo dia, basta abrir-se ao outro e a estrela que, acima das mazelas deste mundo, acende a esperança de um mundo melhor. Sonhar com um mundo em que o Pai Nosso transpareça na grande festa do pão nosso. Pois quem reparte o pão partilha Deus.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS


1º de dezembro Dia Mundial de Combate à Aids

Epitáfio

Sérgio Britto

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Rio de Janeiro, novembro e dezembro!!!

Oi gente,
faz um tempinho que não apareço por aqui, muitas provas, trabalhos e os afazeres da comunidade de fé tem deixado os dias cheios e cansativos! Mas diante da situação que estamos vivendo nos últimos dias em relação ao Rio de Janeiro, nossa Cidade Maravilhosa, resolvi compartilhar esse texto com vcs.


Rio de Janeiro: Não haverá vencedores


Dezenas de jovens pobres, negros, armados de fuzis, marcham em fuga, pelo meio do mato. Não se trata de uma marcha revolucionária, como a cena poderia sugerir em outro tempo e lugar. Eles estão com armas nas mãos e as cabeças vazias. Não defendem ideologia. Não disputam o Estado. Não há sequer expectativa de vida. Só conhecem a barbárie.
A maioria não concluiu o ensino fundamental e sabe que vai morrer ou ser presa. As imagens aéreas na TV, em tempo real, são terríveis: exibem pessoas que tanto podem matar como se tornar cadáveres a qualquer hora.
A cena ocorre após a chegada das forças policiais do Estado à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. O ideal seria uma rendição, mas isso é difícil de acontecer. O risco de um banho de sangue, sim, é real, porque prevalece na segurança pública a lógica da guerra.
O Estado cumpre, assim, o seu papel tradicional. Mas, ao final, não costuma haver vencedores. Esse modelo de enfrentamento não parece eficaz. Prova disso é que, não faz tanto tempo assim, nesta mesma gestão do governo estadual, em 2007, no próprio Complexo do Alemão, a polícia entrou e matou 19. E eis que, agora, a polícia vê a necessidade de entrar na mesma favela de novo.
Tem sido assim no Brasil há tempos. Essa lógica da guerra prevalece no Brasil desde Canudos. E nunca proporcionou segurança de fato. Novas crises virão. E novas mortes. Até quando? Não vai ser um Dia D como esse agora anunciado que vai garantir a paz. Essa analogia à data histórica da 2ª Guerra Mundial não passa de fraude midiática.
Essa crise se explica, em parte, por uma concepção do papel da polícia que envolve o confronto armado com os bandos do varejo das drogas. Isso nunca vai acabar com o tráfico. Este existe em todo lugar, no mundo inteiro. E quem leva drogas e armas às favelas? É preciso patrulhar a baía de Guanabara, portos, fronteiras, aeroportos clandestinos. O lucrativo negócio das armas e drogas é máfia internacional. Ingenuidade acreditar que confrontos armados nas favelas podem acabar com o crime organizado. Ter a polícia que mais mata e que mais morre no mundo não resolve.
Falta vontade política para valorizar e preparar os policiais para enfrentar o crime onde o crime se organiza -onde há poder e dinheiro. E, na origem da crise, há ainda a desigualdade. É a miséria que se apresenta como pano de fundo no zoom das câmeras de TV. Mas são os homens armados em fuga e o aparato bélico do Estado os protagonistas do impressionante espetáculo, em narrativa estruturada pelo viés maniqueísta da eterna "guerra" entre o bem e o mal.
Como o "inimigo" mora na favela, são seus moradores que sofrem os efeitos colaterais da "guerra", enquanto a crise parece não afetar tanto assim a vida na zona sul, onde a ação da polícia se traduziu no aumento do policiamento preventivo. A violência é desigual.
É preciso construir mais do que só a solução tópica de uma crise episódica. Nem nas UPPs se providenciou ainda algo além da ação policial. Falta saúde, creche, escola, assistência social, lazer. O poder público não recolhe o lixo nas áreas em que a polícia é instrumento de apartheid. Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública terá de passar pela garantia dos direitos básicos dos cidadãos da favela.
Da população das favelas, 99% são pessoas honestas que saem todo dia para trabalhar na fábrica, na rua, na nossa casa, para produzir trabalho, arte e vida. E essa gente - com as suas comunidades tornadas em praças de "guerra" - não consegue exercer sequer o direito de dormir em paz. Quem dera houvesse, como nas favelas, só 1% de criminosos nos parlamentos e no Judiciário...

*Marcelo Freixo - professor de história, deputado estadual (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 28-11-2010.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Semana de Estudos Teológicos


Começou ontem a Semana de Estudos Teológicos da Faculdade.
Ontem na celebraçao de abertura tivemos a palavra do bispo Paulo Lockmann e na manhã de ontem ainda ouvi meu amigo Daniel Souza (vulgo baiano) falar de poesia e teologia "Cristologia Teopoética".
Hoje pela manhã fomos contagiados pelas palavras sempre relevantes do grande Prof. Milton Schwantes e o Prof. Luiz Carlos. Assisti à apresentações de pesquisas por minhas amigas Kennie e Rejane ( Congresso Científico).
Agora ao escrever-vos estou aqui na biblioteca pensando a devocional de amanhã. Muito trabalho e cansaço e está apenas começando.
Durante toda a semana veremos a abordagem de temas relacionados a bíblia e a vida das pessoas, ao cotidiano de fé das comunidades, culto e ensino.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Porque vou votar no Serra.

Encontrei esse texto no blog de um amigo meu, ele não sabe de quem é o texto e nem eu, mas é fantástico, genial e então resolvi passar pra frente.



Vou votar no Serra, do PSDB. Cansei... Basta!!



Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio.
O alimento está barato demais.
O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete
a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana.
Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite.

Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.
O governo reduziu os impostos para os computadores.
A Internet virou coisa de qualquer um. Pode?
Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dos estacionamentos sem vaga.
Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada.
"É uma vergonha!", como dizia o Boris Casoy.
Com o Serra os congestionamentos vão acabar,
porque como em S. Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas
brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Quero aumento da gasolina na calada da noite, como na era FHC.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode vestir uma confecção.
O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no Braz.
Tem até crédito oferecido pelo governo.
Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar.
O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?

Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família.
Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários
de comunicação (Globo, SB T, Band, RedeTV, CNT, Folha SP, Estadão etc.).
A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em
Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos,
sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado.
É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver
e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos.
Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde.
E, lógico, vão acordar ao meio-dia.
Quem vai cuidar da lavoura do Brasil?... Diga aí, seu Lula...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria
(73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE).
E os coitados que vivem de cobrar aluguéis?... O que será deles?

Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar.
Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital.
Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Eu ia anular, mas cansei.
Basta! Vou votar no Serra.
Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ansiedade!! Batizado da Laura.

Faltam exatamente 25 dias para o batizado da Laura (minha afilhadinha), estou super ansiosa e pensando em mil coisas pra que esse dia seja único, muito especial. O vestido que ela vai usar, os sapatos... tem que ser tudo perfeito. Estou pensando em algo tipo casinha de abelha para o vestido. É bem tradicional e acho que vai ficar bem chique. Os sapatos ainda não pensei muito bem.
Agora o que está me deixando mais preocupada são as lembrancinhas. Vamos fazer um marcador de páginas com uma arte bem bacana com fotos dela e uma mensagem especial, pensei em alguns doces para decorar e deixar o ambiente da Igreja bem leve e infantil. Pensei tbm em distribuir algumas amêndoas confeitadas em embalagens de tecido(tule ou organza) não sei bem. Enfim estou assim cheia de idéias, mas ainda com poucas soluções.


Essa é a Laura olhem como ela é perfeita, merece tudo de mais lindo que pudermos fazer.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Manifesto Evangélico por um Processo Eleitoral Ético

Nós, evangélicos e evangélicas, brasileiros, eleitores e cidadãos comprometidos com a verdade e a justiça, manifestamos profeticamente as nossas rejeições e defesas diante da onda de conservadorismo que se abateu sobre o país nesse processo eleitoral.

Rejeitamos os posicionamentos de alguns líderes evangélicos, que em vez de preparar cidadãos, com plenos conhecimentos de seus direitos e deveres, encaminham seus fieis para um exercício equivocado da fé.

Rejeitamos a disseminação de boatos e inverdades com fim de manipular o eleitorado.

Rejeitamos a manipulação, seja ela de que forma for, e a redução das questões cruciais e relevantes no processo eleitoral a temas presos ao mero moralismo.

Rejeitamos o uso da fé como instrumento de manipulação política no momento em que temas como erradicação da pobreza, sustentabilidade ambiental e desigualdade social precisam ser discutidos pela sociedade.

Rejeitamos o papel da mídia, que dá voz e espaço, para que a onda de conservadorismo ganhe visibilidade, desviando o foco das propostas dos candidatos.

Rejeitamos a demonização dos candidatos e partidos, além do processo eleitoral.

Rejeitamos a difusão de informações equivocadas dos papéis que cabem ao Executivo e ao Legislativo no país.

Rejeitamos qualquer forma de intolerância religiosa.

Dessa forma, defendemos que as eleições devem girar em torno das questões programáticas e dos planos de governo.

Defendemos, como herança do Protestantismo, a manutenção e o fortalecimento do Estado Laico.

Defendemos a necessidade de uma reforma política e eleitoral que leve o Brasil, do sistema proporcional, no máximo, ao distrital misto, para que os candidatos tenham vínculos comunitários.

Defendemos o aprofundamento do Estado de Direito e a consecução do estabelecimento do Estado de Equidade social, política e econômica.

Defendemos uma Igreja independente, que não se submeta aos interesses políticos e eleitorais. Ao contrário, que exerça sua função profética produzindo cidadãos livres e conscientes de seu papel cívico.

Defendemos a manutenção e o avanço das conquistas sociais que, nos últimos anos, fizeram com que uma parcela significativa de brasileiros saísse dos níveis de pobreza inaceitáveis em que viviam.

Defendemos a manutenção de políticas públicas que promovam a erradicação da pobreza e a maior igualdade entre os brasileiros.

Por fim, assumimos o compromisso de continuarmos orando e contribuindo solidariamente com a construção de um Brasil sustentável, economicamente viável e socialmente justo.


Texto de Ariovaldo Ramos publicado originalmente no blog http://ari-avida.blogspot.com

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pronunciamento da Alinça Batista do Brasil

PRONUNCIAMENTO DA ALIANÇA DE BATISTAS DO BRASIL

ELEIÇÕES 2010

A Aliança de Batistas do Brasil vem por meio deste documento reafirmar o compromisso histórico dos batistas, em todo o mundo, com a liberdade de consciência em matéria de religião, política e cidadania. A paixão pela liberdade faz com que, como batistas, sejamos um povo marcado pela pluralidade teológica, eclesiológica e ideológica, sem prejuízo de nossa identidade. Dessa forma, ninguém pode se sentir autorizado a falar como “a voz batista”, a menos que isso lhe seja facultado pelos meios burocráticos e democráticos de nossa engrenagem denominacional.

Em nome da liberdade e da pluralidade batistas, portanto, a Aliança de Batistas do Brasil torna pública sua repulsa a toda estratégia político-religiosa de “demonização do Partido dos Trabalhadores do Brasil” (doravante PT). Nesse sentido, a intenção do presente documento é deixar claro à sociedade brasileira duas coisas: (1) mostrar que tais discursos de demonização do PT não representam o que se poderia conceber como o pensamento dos batistas brasileiros, mas somente um posicionamento muito pontual e situado; (2) e tornar notório que, como batistas brasileiros, as idéias aqui defendidas são tão batistas quanto as que estão sendo relativizadas.

1. A Aliança de Batistas do Brasil é uma entidade ecumênica e dedicada, entre outras tarefas, ao diálogo constante com irmãos e irmãs de outras tradições cristãs e religiosas. Compreendemos que tal posicionamento não fere nossa identidade. Do contrário, reafirma-a enquanto membro do Corpo de Cristo, misteriosamente Uno e Diverso. Assim, consideramos vergonhoso que pastores e igrejas batistas histórica e tradicionalmente anticatólicos, além de serem caracterizados por práticas proselitistas frente a irmãos e irmãs de outras tradições religiosas de nosso país, professem no presente momento a participação em coalizões religiosas de composição profundamente suspeita do ponto de vista moral, cujos fins dizem respeito ao destino político do Brasil. Vigoraria aí o princípio apontado por Rubem Alves (1987, p. 27-28) de que “em tempos difíceis os inimigos fazem as pazes”? Com o exposto, desejamos fazer notória a separação entre os interesses ideológicos de tais coalizões e os valores radicados no Evangelho. Por não representarem a prática cotidiana de grande fração de pastores e igrejas batistas brasileiras, tais coalizões deixam claro sua intenção e seu fundo ideológico, porém, bem pouco evangélico. Logrado o êxito buscado, as igrejas e os pastores batistas comprometidos com as coalizões “antipetistas” dariam continuidade à prática ecumênica e ao diálogo fraterno com a Igreja Católica, assim como com as demais denominações evangélicas e tradições religiosas brasileiras? Ou logrado o êxito perseguido, tais igrejas e pastores retornariam à postura de gueto e proselitismo que lhes marcam histórica e tradicionalmente?

2. Como entidade preocupada e atuante em face da injustiça social que campeia em nosso país desde seu “descobrimento”, a Aliança de Batistas do Brasil sente-se na obrigação de contradizer o discurso que atribui ao PT a emergente “legalização da iniqüidade”. Consideramos muito estranho que discursos como esse tenham aparecido somente agora, 30 anos depois de posicionamentos silenciosos e marcados por uma profunda e vergonhosa omissão diante da opressão e da violência a liberdades civis, sobretudo durante a ditadura militar (1964-1985). Estranhamos ainda que tais discursos se irmanem com grupos e figuras do universo político-evangélico maculadas pelo dinheiro na cueca em Brasília, além da fatídica oração ao “Senhor” (Mamon?). Estranhamos ainda que tais discursos não denunciem a fome, o acúmulo de riqueza e de terras no Brasil (cf. Isaías 5,8), a pedofilia no meio católico e entre pastores protestantes, como iniquidades há tempos institucionalizadas entre nós. Estranhamos ainda que tais discursos somente agora notem a possibilidade da legalização da iniquidade nas instituições governamentais, e faça vistas grossas para a fatídica política neoliberal de FHC, além da compra do congresso para aprovar a reeleição. Estranhamos que tais discursos não considerem nossos códigos penal e tributário como iniqüidades institucionalizadas. Os exemplos de como a iniqüidade está radicalmente institucionalizada entre nós são tantos que seriam extenuantes. Certamente para quem se domesticou a ver nas injustiças sociais de nosso Brasil um fato “natural”, ou mesmo como a “vontade de Deus”, nada do mencionado antes parece ser iníquo. Infelizmente!

3. Como entidade identificada com o rigor da crítica e da autocrítica, desejamos expressar nosso descontentamento com a manipulação de imagens e de informações retalhadas, organizadas como apelo emocional e ideológico que mais falseia a realidade do que a apreende ou a esclarece. Textos, vídeos, e outros recursos de comunicação de massa, devem ser criteriosamente avaliados. Os discursos difamatórios tais como os que se dirigem agora contra o PT quase sempre se caracterizam por exemplos isolados recortados da realidade. Quase sempre, tais exemplos não são representativos da totalidade dos grupos e das ideologias envolvidas. Dito de forma simples: uma das armas prediletas da difamação é a manipulação, que se dá quase sempre pelo uso de falas e declarações retiradas do contexto maior de onde foram emitidas. Em lugar de estratégias como essas, que consideramos como atentados à ética e à inteligência das pessoas, gostaríamos de instigar aos pastores, igrejas, demais grupos eclesiásticos e civis, o debate franco e aberto, marcado pelo respeito e pela honestidade, mesmo que resultem em divergências de pensamento entre os participantes.

4. A Aliança de Batistas de Brasil é uma entidade identificada com a promoção e a defesa da vida para toda a sociedade humana e para o planeta. Mas consideramos também que é um perigo quando o discurso de defesa da vida toma carona em rancores de ordem política e ideológica. Consideramos, além disso, como uma conquista inegociável a laicidade de nosso estado. Por isso, desconfiamos de todo discurso e de todo projeto que visa (re)unir certas visões religiosas com as leis que regem nossa sociedade. A laicidade do estado, enquanto conquista histórica, deve permanecer como meio de evitar que certas influências religiosas usurpem o privilégio perante o estado, e promova assim a segregação de confissões religiosas diferentes. É mister recordar uma afirmação de um dos grandes referenciais teológicos entre os batistas brasileiros, atualmente esquecido: “Os batistas crêem na liberdade religiosa para si próprios. Mas eles crêem também na igualdade de todos os homens. Para eles, isso não é um direito; é uma paixão. Embora não tenhamos nenhuma simpatia pelo ateísmo, agnosticismo ou materialismo, nós defendemos a liberdade do ateu, do agnóstico e do materialista em suas convicções religiosas ou não-religiosas” (E. E. Mullins, citado por W. Shurden). Nossa posição está assentada na convicção de que o Evangelho, numa dada sociedade, não deve se garantir por meio das leis, mas por meio da influência da vida nova em Jesus Cristo. Não reza a maior parte das Histórias Eclesiásticas a convicção de que a derrota do Cristianismo consistiu justamente em seu irmanamento com o Império Romano? Impor a influência de nossa fé por meio das leis do estado não é afirmar a fraqueza e a insuficiência do Evangelho como “poder de Deus para a salvação de todo o que crê”? No mais, em regimes democráticos como o estado brasileiro, existem mecanismos de participação política e popular cuja finalidade é a construção de uma estrutura governamental cada vez mais participativa. Foi-se o tempo em que nossa participação política estava confinada à representatividade daqueles em quem votamos.

5. A Aliança de Batistas do Brasil se posiciona contra a demonização do PT, levando em consideração também que tal processo nega o legado histórico do Partido dos Trabalhadores na construção de um projeto político nascido nas bases populares e identificado com a inclusão e a justiça social. Os que afirmam o nascimento de um “império da iniquidade”, com uma possível vitória do PT nas atuais eleições, “esquecem” o fundamental papel deste partido em projetos que trouxeram mais justiça para a nação brasileira, como, por exemplo: na reorganização dos movimentos trabalhistas, ainda no período da ditadura militar, visando torná-los independentes da tutela do estado; na implantação e fortalecimento do movimento agrário-ecológico dos seringueiros do Acre pela instalação de reservas extrativistas na Amazônia, dirigido, na década de 1980, por Chico Mendes; nas ações em favor da democracia, lutando contra a ditadura militar e utilizando, em sua própria organização, métodos democráticos, rompendo com o velho “peleguismo” e com a burocracia sindical dos tempos varguistas; nas propostas e lutas em favor da reforma agrária ao lado de movimentos de trabalhadores rurais, sobretudo o MST; no apoio às lutas pelos direitos das crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homossexuais, negros e indígenas; e na elaboração de estratégias, posteriormente transformadas em programas, de combate à fome e à miséria. Atualmente, na reta final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vemos que muita coisa desse projeto político nascido nas bases populares foi aplicado. O governo Lula caminha para seu encerramento apresentando um histórico de significativas mudanças no Brasil: diminuição do índice de desemprego, ampliação dos investimentos e oportunidades para a agricultura familiar, aumento do salário mínimo, liquidação das dívidas com o FMI, fim do ciclo de privatização de empresas estatais, redução da pobreza e miséria, melhor distribuição de renda, maior acesso à alimentação e à educação, diminuição do trabalho escravo, redução da taxa de desmatamento etc. É verdade que ainda há muito a se avançar em várias áreas vitais do Brasil, mas não há como negar que o atual governo do PT na Presidência da República tem favorecido a garantia dos direitos humanos da população brasileira, o que, com certeza, não aconteceria num “império de iniquidade”. Está ficando cada vez mais claro que os pregadores que anunciam dos seus púpitos o início de uma suposta amplitude do mal, numa continuidade do PT no Executivo Federal, são os que estão com saudade do Brasil ajoelhado diante do capital estrangeiro, produzindo e gerenciando miséria, matando trabalhadores rurais, favorecendo os latifundiários, tratando aposentados como vagabundos, humilhando os desempregados e propondo o fim da história.

Enfim, a Aliança de Batistas do Brasil vem a público levantar o seu protesto contra o processo apelatório e discriminador que nos últimos dias tem associado o Partido dos Trabalhadores às forças da iniquidade. Lamentamos, sobretudo, a participação de líderes e igrejas cristãs nesses discursos e atitudes, que lembram muito a preparação das fogueiras da inquisição.

Maceió, 10 de setembro de 2010.

Pastora Odja Barros Santos – Presidente

Pastores/as batistas membros da Aliança

Pr. Joel Zeferino _ Igreja Batista Nazaré – Salvador-BA

Pr. Wellington Santos – Igreja Batista do Pinheiro – Maceió-AL

Pr. Paulo César – Igreja Batista Bultrins – Olinda –PE

Pr. Paulo Nascimento – Igreja Batista da Forene – Maceió-AL

Pr. Reginaldo José da Silva – Igreja Batista da Cidade evangélica dos órfãos – Bonança-PE

Pr. Waldir Martins Barbosa – Ig. Batista Esperança

Pr. Silvan dos Santos – Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Marcos Monteiro – Comunidade de Jesus – Feira de Santana – BA

Pr. João Carlos Silva de Araujo - Primeira Igreja Batista do Recreio

Pra. Marinilza dos Santos - Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Adriano Trajano – Chã Preta – AL

Pr. Pedro Virgilio da Silva Filho - Serrinha BA

Pr. Gilmar de Araújo Duarte - PIB Brás de Pina – RJ

Pr. Alessandro Rodrigues Rocha - SIB Petrópolis, Petrópolis RJ

Pr. Nilo Tavares Silva - Igreja:Batista em Praça do Carmo, Rio de Janeiro RJ

Pr.Luis Nascimento - Princeton, NJ – USA

Pr.Raimundo Barreto – USA


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eleições 2010 Por Sandro Amadeu Cerveira

Estamos vivendo um período de grandes decisões para o nosso país. A primeira etapa das eleições já aconteceu e precisamos dizer às pessoas que ainda não entenderam, o que realmente está em jogo. Estivemos diante de um bombardeio de informações imorais e que em sua maioria faltavam com a verdade. Muitos vídeos despejados sem nenhum cuidado na internet, assim como artigos distribuídos por todo o país sem sequer serem verificados. Mostrar que somos contra a demonização do PT (Partido dos trabalhadores) e ainda de estratégias absurdas usadas por outros (dizentes mediadores de Deus) de caluniarem a candidata do PV (Partido Verde) lhe atribuindo posicionamentos que são realmente seus, mas que em nada tem a ver com sua fé ou sua conduta moral, manipulando informações retalhadas que não representam sua ideologia.


O texto que vou postar a seguir é de autoria o Rev. Sandro Amadeu Cerveira, Pastor na 2ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte e fala com muita propriedade e bastante coesão sobre esse tema de tanta importância.


Eleições 2010 e os aproveitadores da boa fé e da credulidade evangélica

Rev. Sandro Amadeu Cerveira (02/10/10)

Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos "ungidos" de alguns caciques evangélicos. [1]

Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e "vídeos" afirmando que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanha absurdo seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para além da "viagem" do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas para estas "notícias" deveria ter levado (acreditei) as pessoas de boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas. [2]

A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus, até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas defensoras de um "candidato evangélico" a presidência da república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.

Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas Malafaia de ser "dissimulada", "pior do que o ímpio" e defender, (segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia, mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições desconheça as proposições de sua irmã na fé.

De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de passagem) que "casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela sociedade na forma de plebiscito" [3], mas de fato não disse que uma vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado. Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar desta "barbaridade".

Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].

Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de que "O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais." [7]

Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não teriam alternativa.

A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido com a "iniqüidade" é, no mínimo, desonesto.

Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B está igualmente comprometido com os mesmo "problemas") é muito fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis de seu país eram iníquas.

Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.

Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro transforme nossos costumes e percepções morais em lei criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro pavor de abrir esse precedente.

Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja católica, cristã ou evangélica e isso vá "abençoar" o Brasil. Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de sair do mundo.

Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com serenidade e racionalidade.

Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como distribuição de renda, justiça social, direitos humanos, tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a relevância para nossos irmãos mais pobres.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Gentileza


Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta


Marisa Monte

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

É hora de arregaçar as mangas e nos colocar em ação!


Limite da propriedade da terra
Um direito do povo um dever do estado!

Plebiscito: a força do povo na democracia

A participação popular direta é um direito do povo. Está na
essência do conceito de Estado Democrático de Direito. A Constituição Brasileira determina que "a soberania popular será exercida pelo voto direto e secreto, e também pelo plebiscito, referendo e pela iniciativa popular," (art.14)

Mas a prática de consultar diretamente o povo está longe de ser concretizada. Diante disto, a sociedade civil tem lançado mão de plebiscitos populares para que o povo possa se manifestar sobre problemas relevantes que atingem a todos. Tem grande valor simbólico e mostra que o povo está atento às grandes questões nacionais.

Realizar um plebiscito popular, mas do que juntar votos é um instrumento para a sociedade refletir sobre um tema e posicionar-se diante dele. E neste momento é sobre a realidade agrária brasileira.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Convidada - Simone de Beauvoir

Feminista convicta, em seu primeiro romance, descreve dilemas existenciais, não só do universo feminino, mas também do masculino, enfim do humano. Levando em consideração toda a diferença entre os gêneros, mas destacando que toda essa diversidade só determina que cada pessoa é responsável por si própria. A liberdade do sujeito é a unica possibilidade de existência autentica.

“E eu estou aqui, no coração da minha vida”. P. 13

“É divertido pensar em como são as coisas em nossa ausência [...] É como tentar pensar que estamos mortos. Na verdade nunca o conseguimos; sempre achamos que estamos num canto, vendo tudo”. P. 14

“Continuo a pensar, apesar de tudo, que não sou feita da massa com que se constroem as vítimas”. P. 56

“Você, no fundo, está procedendo como todas as pessoas que afirmam não ter preconceitos: pretendem que só obedecem por gosto pessoal. Mas tudo isso são histórias”. P. 57

“Não é a mentira que me incomoda. O que acho monstruoso é que as pessoas tomem decisões sobre elas próprias dessa forma, como por decreto”. P. 67

“[...] O dia passara a espera dessas horas e agora elas corriam vazias e constituíam apenas uma espera [...] Tudo, afinal, era uma corrida sem objetivo. Somos lançados indefinidamente para o futuro, mas quando este se torna presente, é preciso fugir”. P. 90

“Para você, a colaboração intelectual consiste numa aprovação idiota de todas as suas opiniões”. P. 95

“Talvez seja porque amo demais. Quis dar mais do que aquilo que você podia receber. E, quando somo sinceros, dar é uma maneira de exigir”. P. 97

“[...] se os remorsos apagassem tudo, as coisas seriam muito fáceis”. P. 129

“Ora, uma decisão, quando começamos a duvidar dela, torna-se perturbadora”. P. 153

“Não há nada, em parte alguma, que se deva invejar, lamentar ou temer. O passado, o futuro, o amor, a felicidade, tudo isso não passa de sons que emitimos com a boca”. P. 155

“As palavras nada mais podem fazer do que nos aproximar do mistério, sem o tornarem menos impenetrável”. P. 159

“O amor não é um segredo vergonhoso. Parece-me uma fraqueza não querer olhar de frente o que se passa dentro de nós”. P. 244

“[...] só poderemos lutar contra a sociedade de maneira social”. P. 282

“Se eu tivesse verdadeiramente importância para alguém, talvez conseguisse valer um pouco mais para mim próprio. Assim, não chego a dar valor à minha vida nem a meus pensamentos”. P. 313

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Referência:
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BEAUVOIR, Simone de. A convidada. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1986. 488 p.

domingo, 9 de maio de 2010

Mãe...


Hoje foi um dia muito corrido, passei o dia na igreja e almocei por lá mesmo.
Minha mãe tá longe de mim, mas pensei nela o dia inteiro, quer dizer a semana inteira, na realidade eu não esqueço nunca. Então é isso, eu queria usar esse meu espaço pra fazer uns agradecimentos e dizer um pouquinho sobre ela.

Agradecer por me amar tanto, por proteger com esse jeitinho que é só seu, e que as pessoas ao redor jamais poderão entender.
Obrigada por me tornar uma pessoa melhor, pelas madrugadas de carinho que nunca se apagarão da minha memória, pelas conversas intermináveis e por responder algumas perguntas inimagináveis. Pelas noites de sono perdidas, por tanta luta e dificuldade que passou, para me proporcionar momentos de felicidade. Por me poupar de tanta dor e sofrimento obrigada.
Obrigada por me amar tanto, que nunca outro amor fez falta.
Acho que nunca vou conseguir agradecer.
Me perdoa se em algum momento te magoei, não compreendi ou disse palavras duras, os filhos são assim as vezes.
Obrigada por me fazer sentir a pessoa mais linda e especial do mundo ( muitas vezes acreditei rs). Você me valorizou de tal forma, que pude enfrentar os piores monstros, com uma certeza profunda de que sempre poderia vencer. E quando esses monstros vem ainda hoje, quando me tornei uma pessoa adulta, lembro de você e do quanto fomos forte juntas, e luto novamente e venço novamente cada dia.
Gostaria de estar aí bem pertinho, pra te dizer o quanto te amo e como ainda quero cuidar de você e tentar retribuir tudo que fez por mim, a distancia só me faz lembrar o quanto é bom estar ao seu lado.
Te amo muito, muito mais do que jamais poderei escrever, dizer, expressar.
TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO TE AMO!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tempo


"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

Ricardo Gondim


Ouvi na semana passada, de uma pessoa bem importante, sobre a tristeza de participar muitas vezes em reuniões de cúpula de determinadas instituições e do sentimento de não estar contribuindo em praticamente nada para a construção de um mundo melhor, o Reino de Deus mesmo. Fiquei triste e ao mesmo feliz. Triste por constatar novamente que a burocracia e a política amarram engessam o processo de avanço das nossas comunidades, e feliz por saber que temos ainda líderes que se sensibilizam e choram, reconhecem e buscam mudanças em suas atitudes.


Quem é que pode ter certeza, se está com a bacia meio cheia ou meio vazia, das tais jabuticabas?

Estou assim hoje e sinceramente quero estar sempre, com uma sensação de bacia meio vazia, vivendo cada dia como se não pudesse fazer nada diferente amanhã . Parece que a vida ganha outro sentido, as pessoas ganham mais importância, o mundo parece melhor.

Talvez alguém diga que não esteja velha o suficiente pra me preocupar dessa maneira, mas sei que não estou tão nova que não deva ter preocupações, enfim nunca é cedo pra viver melhor, e descobrir o verdadeiro sentido de ser humano.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Segunda !!!!!!!

O dia começou meio desarranjado, acordei um pouco atrasada para aula, mas tá valendo. Aula de manhã, ensaio do coral e depois levei o Tiago pra tomar vacina rsrs. Fomos pra um aulão de dança, muito louco, ainda mais pra mim que sou meio perna de pau, mas sou brasileira e não desisto nunca Samba e Salsa (claro que no samba me garanto muito mais, na salsa prefiro não comentar kkkkk)
Enquanto isso o dia passa, o dia praticamente acabou e agora enquanto escrevo, já são 20 horas e ainda tenho uma missão para hoje: Comum. Eu ainda não falei sobre o comum né?
Pois então o comum é uma reunião de universitários eles se reúnem no intervalo das aulas do noturno para a realização de um culto, um momento de gratidão, um momento para compartilhar tanto as bençãos quanto as dificuldades e os problemas que estão sendo enfrentados. Não tem uma representação denominacional, são estudantes cristãos, que oram, louvam e falam da palavra de Deus, todos os dias às 21 horas. É um grupo muito bonito, e cada dia fica melhor.
Nos propomos a participar efetivamente e tentar contribuir da forma que for possível para o desenvolvimento desse trabalho, é isso então, é pra essa reunião que vou daqui a pouco, compartilhar o que Deus tem feito na minha vida.

Ps. Não tem sido pouco, mais pra frente conto mais.

Um beijo pra todos
E aos meus amigos do Rio essa semana estou estou chegando.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Girassol

Vincent Van Gogh, Girassóis,1889, Óleo
sobre tela, 95,0x73,0 cm. Van Gogh
Museum, Amsterdam.

Estive refletindo sobre os girassóis, sua capacidade de adaptação às diversas condições de latitude, longitude e fotoperíodo. Onde o girassol é usado na rotação de culturas, aumenta consideravelmente a produção posterior de outros grãos.
Com uma raiz chegando a medir quase 1 metro e meio de profundidade e um crescimento a partir do solo que pode chegar a 3 metros de altura, o girassol demonstra uma robustez e uma resistência admiráveis. Mas apesar de toda sua força e vigor, sua principal característica é um movimento chamado heliotropismo, que é o movimento feito por ele em direção ao sol.

Fico pensando em como o cristão se parece com os girassóis (ou deveria parecer), sua capacidade de superar as dificuldades com a esperança que as coisas possam melhorar, mudar. A preocupação com o próximo e a maneira mais adequada de lhe oferecer suporte em momentos de dificuldade. Sua firmeza e robustez compreendendo que todo o grito contra a injustiça vale a pena. E a capacidade de compreender que nada faz por si mesmo e que toda a sua força, esta nAquele que é o Sol da Justiça, que ilumina os caminhos daqueles que se deixam iluminar.
"Disse Jesus: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida." Jo 8.12

Quando escrevo estas palavras, tenho um desejo em meu coração
Que você olhe sempre para o Rei Sol, seja iluminado por essa luz maior
Que a transmita aos que são infelizes, desprezados e solitários
Que seja um girassol, toda hora, todo dia
Uma estrela que nasceu flor, para brilhar e encantar, ser e fazer feliz!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Laura nossa linda afilhada

















Linda flor nasceu
Amada desde o princípio
Nos Recordamos desde o primeiro mês
A emoção de saber da tua vinda

Juntando o amor e o cuidado
Um compromisso de estar sempre contigo
Lemos no teu rostinho a perfeição
Imaginamos e planejamos te ajudar em teus passos
Amamos você, afilhada

Lutando todos os dias pela vida
Amamos a luz que Deus nos manda
Retorna para nós a alegria
Ao vermos o teu rostinho de criança

Pirulitos, chocolates e balas não são mais doces
Um sorrisinho teu alegra mais a nossa vida
Lindos raios luminosos de esperança
Invadem nossa alma ao te ver
Afilhada linda, linda forma de viver...