terça-feira, 11 de março de 2014

Dia 8 de março.Não dê flores. Dialogue sobre relações maisjustas e solidárias entre as pessoas!



Por Thaiana Assis

Já não se distingue judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher, pois em Cristo Jesus, sois todos um só. Gl 3.28

O dia 8 de março é um dia de comemoração! Internacionalmente, pessoas parabenizam mulheres pelo simples fato de serem mulheres, esposas, mães e filhas. O mercado se apropria dessa data para aumentar suas vendas e o consumo torna-se central. O consumismo, o individualismo, as 
prioridades humanas/desumanas, a coisificação das pessoas e os interesses pessoais acima de qualquer coisa tiram o foco do que seria central nesse dia. 

Como cristãs e cristãos metodistas, queremos chamar sua atenção para a 
importância dessa data. Não como o dia em que somente ressaltamos as qualidades das mulheres e dizemos o quanto são especiais, lutadoras, inteligentes e lindas, ou ainda em homenagens que fazemos com presentes, chocolates e flores, mas recordar o que de fato colocou essa data na agenda internacional: mulheres trabalhadoras que foram incendiadas violentamente enquanto lutavam por seus direitos. 

No versículo em destaque, o apóstolo Paulo, de forma muito assertiva e 
inspirada por Deus, já declarava em seu tempo a dignidade e o direito das mulheres. Isso porque em Jesus Cristo todas as injustiças e desigualdades são superadas. Seu testemunho e missão nos inspiram na luta pela superação de toda e qualquer violência e exclusão, devolvendo à mulher a dignidade de filha de Deus.

No evangelho de João, no capítulo 4, Jesus tem um encontro com uma mulher samaritana: ele lhe olha nos olhos e a surpreende por ter com ela um diálogo profundo, significativo. Jesus não só enxerga essa mulher, ele a escuta e, com ela, partilha água, partilha vida!

Em um contexto de exclusão generalizada, Jesus propõe encontro, convivência e respeito, propõe a retomada da dignidade, da superação dos preconceitos. Ele propõe um novo modelo, uma nova concepção, onde diferenças físicas, biológicas, étnicas ou culturais são encaradas como possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Assim, nos desafia a exercer uma fé que supera preconceitos e julgamentos, mas que luta pela diversidade, pela justiça, que reconcilia, inclui dialoga, sempre favorecendo a vida! Velhas distinções e barreiras foram destruídas pelos ensinos de Jesus Cristo. Ele derrubou a separação entre os povos, propôs um novo paradigma: reconhecer e acolher a mulher e o homem com suas diferenças biológicas, colocando o direito, o respeito e a dignidade humana acima das construções sociais. 

Se o mundo se esquece das instruções do Mestre, nós não podemos nos 
esquecer! Nesse tempo de mercantilização da vida, especialmente da vida das mulheres somos chamados a ser profetizas e profetas que denunciam tudo o que macula a imagem de Deus em nós. 

Aproveitemos esse dia 8 de março para questionar a condição e posição das mulheres em cada país, dialogar em nossas comunidades e exigir que se cumpra a justiça e o direito em cada casa, em cada comunidade de fé, em nossa cidade, nosso estado, nosso país. Que se cumpram os compromissos internacionais dos direitos humanos das mulheres, que avancemos na luta e repensemos os retrocessos em matéria de igualdade entre todas as pessoas. 

Fazemos parte de uma cultura em transformação, isso é um processo longo mais que não pode parar. Não podemos deixar que diminuam a importância deste dia, como se tudo que importasse fosse o mercado. Juntemos-nos às pessoas que insistem em dar o devido tratamento a luta pelos direitos da mulher, da igualdade entre as 
pessoas. 

Assim como Jesus, o Cristo, vamos refletir sobre as posturas que dignifiquem as mulheres, assim como todas as pessoas que sofrem exclusão, transformando radicalmente as vidas e levando-as a superar os elementos de marginalização. Somos desafiados/as a descobrir e apontar caminhos que prezem pela dignidade, amor e respeito, que denunciem as posturas autoritárias, machistas, patriarcais, que em nada se assemelham com o evangelho pregado por Jesus. 

As primeiras intuições indicam o caminho da educação, reflexões e novas 
construções sobre as relações entre mulher e homem. Ler o texto bíblico a partir de novas perspectivas, novos olhares. É importante que as mulheres e homens se eduquem, compreendam que são imagem de Deus e, por isso pessoas que merecem respeito! Uma vida sem violência é possível! 
Diante da omissão e do silêncio de tantas pessoas que deveriam representar a voz de um povo sofrido e experimentado em dores, é necessário suscitar a profecia. 

Precisamos erguer a nossa voz para usá-la como um instrumento anunciador de justiça. Voz de pessoas que esclarecidas e empoderadas, juntas em suas multiplicidades e conscientes, militam por um movimento de justiça, bem-estar, articulando novos caminhos, possibilitando novas histórias. 

É necessário estar próxima das realidades cotidianas, tendo um discurso 
contextualizado, denunciando e resistindo. Usando a mesma força que durante tanto tempo legitimou e sacralizou processos de dominação. Para contrapor as situações de dor e morte, Deus nos convoca para anunciar a ressurreição, a vida! 

Dia 8 de março.Não dê flores. Dialogue sobre relações maisjustas e solidárias entre as pessoas!