terça-feira, 27 de agosto de 2013

Encontro Internacional da Marcha Mundial de Mulheres



Transmissão ao vivo
http://novo.fpabramo.org.br/node/9519

CARIOCAS POR PAULISTAS! A DESCRIÇAO DO CARIOCA POR UM PAULISTA, SENSACIONAL, VALE A PENA LER!

"Faz 1 ano. Desembarquei com esposa, cachorro e umas malas. A mudança veio no dia seguinte. Levei 33 anos imaginando “como seria”, e agora tenho 1 pra contar “como foi”.
O Rio de Janeiro é a minha Paris. Eu não sonho com a tal de torre, nem me importo com o Louvre e nem acho do cacete tomar café naquela tal de Champs-Élysées. Eu acho charmoso ir a praia de Copacabana, tomar cerveja de chinelo no leblon e ir a um samba numa grande escola.
Sou paulista, nunca tive
rivalidade bairrista em casa. Nunca me ensinaram a odiar o estado vizinho, ao contrário, sempre me foi dada a idéia de que estando no Brasil, estou em casa.
Ouvi mil mentiras e outras mil verdades sobre o Rio enquanto morei em São Paulo. Todas justas no final das contas.

Carioca exagera tudo, pra baixo e pra cima. Se elogiar a praia, ele exalta dizendo que é “a melhor praia do mundo”. Se falar que é perigoso, ele não nega. Diz que é “perigoso pra caralho”.
Trata sua cidade como filho. Só ele pode falar mal.

Cariocas não marcam encontro. Simplesmente se encontram.
A confirmação de um convite aqui não quer dizer nada. Você sugere “Vamos?”, eles dizem “Vamo!”. O que não implica em ter aceitado a sugestão.
Hora marcada no Rio é “por volta de”. Domingo é domingo. E relaxa, irmão. Pra que a pressa?
Em 5 minutos são amigos de infância, no segundo encontro te abraçam e já te colocam apelidos.
Não te levam pra casa. Te convidam pra rua. É curioso. Mas é que a “rua” aqui é tão linda que se trancar em casa é desperdício.
Cariocas andam de chinelo e não se julgam por isso. São livres, desprovidos de qualquer senso de sofisticação.
Ao contrário, parecem se sentir mal num ambiente formal e de algum requinte.

“Porra” é um termo que abre toda e qualquer frase na cidade. Ainda vou a uma Igreja conferir, mas desconfio que até missa comece com “Porra, Pai nosso que estais…”.
Cariocas são pouco competitivos. Eu acho isso maravilhoso, afinal, venho da terra mais competitiva do país. E confesso: competir o tempo todo cansa.
Acho graça quando eles defendem o clube rival pelo mero orgulho de dizer que “o futebol do Rio” vai bem. Eles nem notam, mas as vezes se protegem.
Eles amam essa porra. É impressionante.

Carioca é o povo mais brasileiro que há, mas que é tão orgulhoso do que é que nem parece brasileiro.
Tem um sorriso gostoso, um ar arrogante de quem “se garante”.
Papudos, malandros, invocados. Faaaaalam pra cacete. E sabem que estão exagerando.
Eles acham que sabem o que é frio. Imagine, fazem fondue com 20 graus!

A Barra é longe. Buzios, logo ali!
Niterói é um pedaço do Rio que eles não contam pra turista. Só eles aproveitam.
Nilópolis é longe. Bangu também.
Madureira é um bairro gostoso. O Leblon, vale os 22 mil por metro quadrado sugeridos pelos corretores.
Aliás, corretores no Rio são bem irritantes.

Carioca, num geral, acha que está te fazendo um favor mesmo se estiver trabalhando. É tudo absolutamente pessoal, informal.
Se ele gostar de você, te atende bem. Se não, não.
Tá com pressa? Vai se irritar. Eles não tem pressa pra nada.
Sabe aquela garota gostosa que sabe que é gostosa? Cariocas sabem onde moram.
O bairrismo deles é único. Nem separatista, nem coitadinho. Apenas orgulhoso. Ao invés de odiar um estado vizinho, o sacaneiam e se matam de rir de quem se ofende.

Cariocas tem vocação pra ser feliz.
São tradicionais, não gostam que o mundo evolua. Um novo prédio no lugar daquele casarão antigo não é visto como progresso, mas sim com saudades.
São folgados. Juram ser o povo mais sortudo do mundo.
E quem vai dizer que não?
No Rio você vira até mais religioso. Aquele Cristo te olha todo santo dia, de braços abertos. Não dá! Você começa a gostar do cara…

E aí vem a sexta-feira e o dom de mudar o ambiente sem mexer em nada. O Rio que trabalha vira uma cidade de férias. As roupas somem, aparecem os sorrisos a toa, o sol, o futebol, o samba, o Rio.

Já ouvi um cara me dizer um dia que o “Rio é uma mentira bem contada pela mídia”. Ele era paulista, odiava o Rio, jamais tinha vindo até aqui.
E é um cara esperto. Se você não gosta do Rio de Janeiro, fique longe dele.
É a única maneira de manter sua opinião.

Em quase toda grande cidade que vou noto uma força extrema para fazer o turista se sentir em casa. Um italiano em São Paulo está na Itália dependendo de onde for. Um japones, idem. Um argentino vai a restaurantes e ambientes argentinos em qualquer grande cidade.
No Rio de Janeiro ninguém te dá o que você já tem. Aqui, ou você vira “carioca”, ou vai perder muito tempo procurando um pedaço da sua terra por aqui.
Não é verdade que são preconceituosos. É preciso entender que o carioca não se diz carioca por nascer aqui. Carioca é um perfil.
Renato, o gaúcho, é um dos caras mais cariocas do mundo.
Tem todo um ritual, um jeitinho de se aproximar.
Chame o garçom pelo nome, os colegas de “irmão”. Sorria, abrace quando encontrar. Aceite o convite, mesmo que você não vá.
Faça planos para amanhã, esqueça-os 10 minutos depois. Faça amigos, o máximo de amigos que conseguir.
Quanto mais amigos, mais cerveja, mais risadas, mais churrascos, mais carioca você fica.
E quanto mais carioca você é, mais você ama o Rio. Como eles.
Gosto deles. Gosto de olhar pra frente e não ver onde acaba. Gosto de sol, de abraço, de rir muito alto e de não me achar um merda por estar sem grana.
Gosto de como eles se viram. Gosto da simplicidade e da informalidade que os aproxima do amadorismo.

A vida não tem que ser profissional.
Tem que ser gostosa.
E de gostosa, convenhamos, o Rio tá cheio.
Ops! Desculpa, amor! Escapou.

abs, merrrrmão!"
Rica Perrone

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Profetizadoras e profetizadores!

        “ Eu quero, isto sim, é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que não seca.”
           Amós 5.24


Todos têm acompanhado através das grandes mídias e também pelas mídias sociais os últimos acontecimentos. Um sem números de pessoas que mobilizadas em prol de objetivos comuns se propuseram a ocupar as ruas de nossas cidades, nossos estados, nosso país. Estivemos juntas, juntos!

A palavra pronunciada pelo profeta Amós em 760 a.C, parece-nos muito propícia para a atualidade. O profeta que fala a partir do cotidiano, que trás a tona as violações de direito, o esmagamento sofrido pelo povo, o terror, a destruição, a. [1] transformação das pessoas em não-gente por causa da opressão
De fato sua análise não recebia a simpatia da maioria, não era compartilhada pela opinião pública, consensual. Ao contrário, sua fala contradizia o sistema político e de certa forma a religião.
Quando saímos às ruas de São Paulo (contexto em que estou inserida), estávamos guiados exatamente por essa fé, é a partir dela que nos posicionamos contra os abusos do poder, e nesse caso especialmente contra o aumento da tarifa para o transporte público. Fomos motivados a lutar por esse ideal e sim vimos que a mobilização do povo, pode nos ajudar nas transformações que tanto ansiamos. Entretanto, acredito que nosso papel enquanto “protestantes”, é muito mais do que juntar-nos às muitas vozes, ou a multidão. Precisamos trazer para nossas comunidades de fé a discussão, o debate, o incentivo a participação na vida pública e a educação política.
A pauta que foi colocada está cumprida, temos muitas demandas ainda, mas é necessário sentarmos e refletirmos sobre como se dará o prosseguimento nessa caminhada.

Hoje temos a grande mídia como incentivadora e vozes desconhecidas ditando nossas pautas de luta, se os opressores apoiam nossa causa, então provavelmente esteja na hora de repensá-las.
No texto que citamos em versículos anteriores a profecia de Amós, critica a religião, suas festas e seus ritos, talvez seja o caso de revisitarmos nossas raízes e fazermos novas propostas a partir do que nos ensina o texto sagrado. Pastoras e pastores, nossa função não é ser porta voz da mídia, ou dos grupos que há muitas décadas vem explorando e subjugando nosso povo. Não precisamos assimilar o que a própria mídia gospel anda pregando.
 Amós era povo, era gente e por isso a sua luta era pela dignidade desses. Era “profetizador”, é mensageiro. Nega-se a assumir títulos, não quer auto-falante como mero transmissor. Relê as tradições e torna a realidade transparente. [2]    Quem somos nós? Em nossa consciência deve estar claro que também somos povo! Também somos gente e essa deve ser nossa prioridade, ajudar na descoberta da dignidade pessoal que desintegra pessoas por fora  e por dentro a partir de experiências de partilha e cooperação.


Thaiana Assis





[1] SCHWANTES, Milton. A Terra não pode suportar suas palavras. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 24.
[2]  Ibid., p. 55.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O mundo é um moinho


















Ainda é cedo amor
mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida
sem saber mesmo o rumo que irás tomar


Preste atenção, querida
embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a tua vida
em pouco tempo não serás mais o que és


Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é moinho
vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
vai reduzir as ilusões a pó


Preste atenção, querida
de cada amor tu herdarás só cinismo
quando notares estás à beira do abismo
abismo que cavaste com os teus pés

Cartola