“ Eu quero, isto sim, é ver brotar o direito como água e
correr a justiça como riacho que não seca.”
Amós 5.24
Todos têm acompanhado através das grandes mídias e também
pelas mídias sociais os últimos acontecimentos. Um sem números de pessoas que mobilizadas
em prol de objetivos comuns se propuseram a ocupar as ruas de nossas cidades,
nossos estados, nosso país. Estivemos juntas, juntos!
A palavra pronunciada pelo profeta Amós em 760 a.C,
parece-nos muito propícia para a atualidade. O profeta que fala a partir do
cotidiano, que trás a tona as violações de direito, o esmagamento sofrido pelo
povo, o terror, a destruição, a. [1] transformação das pessoas em não-gente por
causa da opressão
De fato sua análise não recebia a simpatia da maioria, não era
compartilhada pela opinião pública, consensual. Ao contrário, sua fala
contradizia o sistema político e de certa forma a religião.
Quando saímos às ruas de São Paulo (contexto em que estou
inserida), estávamos guiados exatamente por essa fé, é a partir dela que nos
posicionamos contra os abusos do poder, e nesse caso especialmente contra o
aumento da tarifa para o transporte público. Fomos motivados a lutar por esse
ideal e sim vimos que a mobilização do povo, pode nos ajudar nas transformações
que tanto ansiamos. Entretanto, acredito que nosso papel enquanto
“protestantes”, é muito mais do que juntar-nos às muitas vozes, ou a multidão.
Precisamos trazer para nossas comunidades de fé a discussão, o debate, o
incentivo a participação na vida pública e a educação política.
A pauta que foi colocada está cumprida, temos muitas demandas
ainda, mas é necessário sentarmos e refletirmos sobre como se dará o
prosseguimento nessa caminhada.
Hoje temos a grande mídia como incentivadora e vozes
desconhecidas ditando nossas pautas de luta, se os opressores apoiam nossa
causa, então provavelmente esteja na hora de repensá-las.
No texto que citamos em versículos anteriores a profecia de
Amós, critica a religião, suas festas e seus ritos, talvez seja o caso de
revisitarmos nossas raízes e fazermos novas propostas a partir do que nos
ensina o texto sagrado. Pastoras e pastores, nossa função não é ser porta voz
da mídia, ou dos grupos que há muitas décadas vem explorando e subjugando nosso
povo. Não precisamos assimilar o que a própria mídia gospel anda pregando.
Amós era povo, era gente
e por isso a sua luta era pela dignidade desses. Era “profetizador”, é
mensageiro. Nega-se a assumir títulos, não quer auto-falante como mero
transmissor. Relê as tradições e torna a realidade transparente. [2] Quem somos nós? Em nossa consciência deve
estar claro que também somos povo! Também somos gente e essa deve ser nossa
prioridade, ajudar na descoberta da dignidade pessoal que desintegra pessoas
por fora e por dentro a partir de experiências
de partilha e cooperação.
Thaiana Assis
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